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quarta-feira, janeiro 05, 2011

Qualquer cão por aí é sem mim

É quase dia na Lapa.
Nem um puto prum café no bolso,
último cigarro no filtro,
dor de porrada na cabeça.

Salivei a noite inteira,
não quis dar, aquela piranha –
grandes merdas grã-fina-zona-sul,
foi embora num táxi
pra puta-que-o-pariu
(não há mais vadias como antigamente,
vacas inacessíveis, sim, corrigidas por índices bovespa).

Quem gosta de um duro é viado,
mulher quer mesmo é dinheiro –
sábio, e lírico, aforisma, esse
(não foi à toa que a Denise te deixou).

Agora, é voltar pro pardieiro
(às escondidas do senhorio),
comer o naco de bisnaga de anteontem,
com um resto estragado de enlatado,
e, se inda houver, a meiota de vinho de quinta –
sem de novo esperar revomitar, sem mim, o fim do dia.

2 comentários:

  1. Você e Carluxo têm muito em comum, são beat, discípulos Bukowskianos com mais palavras nos textos, viscerais, segundo a nova moda.
    Amo os textos de vocês.


    Tiça Matta

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