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terça-feira, setembro 07, 2010

Um comentário sobre o oráculo "Eu: o mais eficiente ajudante dos meus próprios coveiros", pelo poeta Carlos Henrique Costa, em 4-8-2010

É preciso pensar acerca da eficiência com que assistimos os que nos enterram. Assistimos, passivamente, à execução ritualística com que selam nossos jazigos. Apenas obedecem às ordens de nossos autoboicotes - permissiva fraqueza com que entregamos a vida às mãos de outrem. Eis nossa miséria: sermos o tiro vertical que nos põe a razão na horizontal, e ainda tripudia do homicídio lambuzando com carinho a espátula caprichosa do lacre.

Um comentário:

  1. “O Tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor.

    Embora inconsumível, o Tempo é o nosso melhor alimento
    Se á medida em que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza
    Não tem começo, não tem fim.

    Rico não é o homem que coleciona e se pesa num montoado de moedas

    Nem aquele devasso que se estende mãos e braços em terras largas
    Rico só é o homem que aprendeu piedoso e humilde a conviver com o Tempo.

    Aproximando-se dele com ternura, não se rebelando contra o seu curso,
    Brindando antes com sabedoria, para receber dele os favores e não sua ira.

    O equilíbrio da vida está essencialmente nesse bem supremo
    E quem souber com acerto a quantidade de vagar ou a de espera que se deve por nas coisas
    Não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é

    Pois só a justa medida do Tempo
    Dá a justa natureza das coisas.”



    (O Pai, em “Lavoura Arcaica”).

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